FMO exige que Conselho Constitucional declare dívidas ocultas ilegais

Fórum de Monitoria de Orçamento (FMO), uma coligação de organizações moçambicanas da sociedade civil, submeteu em Julho último uma petição ao Conselho Constitucional (CC) exigindo que a inclusão das dívidas ocultas na Conta Geral do Estado de 2014 seja declarada inconstitucional.

O pedido foi apresentado com pouco mais de 2 mil assinaturas recolhidas em todo o país.

Falando em conferência de imprensa havida, em Maputo, a representante do FMO, Denise Namburete, explicou que após a submissão espera-se uma resposta do CC sobre eventuais irregularidades no processo para as devidas correcções. 

Entretanto, o FMO exige um compromisso público do governo moçambicano para não utilizar as receitas dos impostos para o pagamento das dívidas.

As dívidas em questão são empréstimos de mais de dois biliões de dólares contraídos pela Empresa Moçambicana do Atum (Ematum) durante o governo do antigo Presidente da República, Armando Guebuza. Os empréstimos foram concedidos pelos bancos europeus Credit Suisse e VTB da Rússia entre 2013 e 2014, sem o aval do parlamento.

Em Abril do corrente ano, a Assembleia da República aprovou a Conta Geral do Estado para 2015, na qual o governo incluiu as garantias da Proindicus e MAM, as quais apresentaram as mesmas irregularidades das da EMATUM.

Para o governo, a inclusão das garantias era um mero acto administrativo, mas os partidos de oposição alegam que é uma forma de legalizar dívidas ilegais e inconstitucionais.

Por isso, pediram que a CGE 2014 fosse declarada inconstitucional.

“Queremos que o Conselho Constitucional, em acção de fiscalização sucessiva, declare a inconstitucionalidade da inclusão das dívidas ocultas na Conta Geral de 2014 e na de 2015”, disse a fonte.

Defendendo que as dívidas foram contraídas violando a Constituição da República de Moçambique, o FMO entende que o Estado moçambicano deve processar judicialmente os credores indicados pelo relatório da Kroll.

Segundo Namburete, a petição submetida ao CC é apenas direccionada à dívida da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), visto que as outras não foram ainda publicadas no Boletim da República.

“Esperamos que se forem publicados façamos uma outra petição”, disse.

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